Noventa e cinco pilotos brasileiros podem ser proibidos de fazer voos internacionais por causa do inglês “ruim”. Os pilotos alegam que já fizeram o teste, mas a ANAC não reconhece o resultado.
As provas de inglês, que foram realizadas na Espanha, não estariam de acordo com os padrões internacionais recomendados. Trinta e sete profissionais já foram chamados para fazer um novo teste, e enquanto isto, a ANAC avalia outros pilotos.
Para provar que são fluentes em inglês, todos fizeram o teste no Centro Avaliador de Competência Linguística Aeronáutica na Espanha. A ANAC, no entanto, acha que os pilotos não são tão fluentes assim. Em visita à escola em Madrid, em maio deste ano, a agência brasileira avaliou que o teste aplicado não estava de acordo com o recomendado pela Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), e decidiu não aceitar mais o certificado.
O Sindicato Nacional dos Aeronautas diz que muitos pilotos reclamam que o critério adotado no Brasil é extremamente rígido, muito acima da necessidade operacional. Vários pilotos fizeram o teste no Brasil e não passaram. Ao refazerem a prova em entidades estrangeiras, foram aprovados.
Um piloto que prefere não se identificar e que possui trinta anos de experiência diz que o nível de inglês que a ANAC exige poucos pilotos têm no Brasil. “A cobrança está muito exagerada da ANAC, realmente, porque eles botaram avaliadores que são professores de inglês, que são pessoas que não estão acostumadas com o meio da aviação. Então, estão exigindo de nós, pilotos, comandantes, copilotos, um inglês com concordância verbal, aquela coisa bem corretinha, bem certa.”
O advogado que representa os pilotos, Carlos Duque Estrada, afirma que os profissionais nunca tiveram problema por causa do inglês, e que o centro avaliador da Espanha é reconhecido em toda a Europa. “Esta empresa na Espanha forma pilotos da Lufthansa, da Iberia, da LAN Chile, de todas as companhias da Emirates que voam pro Brasil. Se não está em conformidade, então a ANAC teria que proibir os caras de voar no Brasil”.
O Consultor Aeronáutico, Jorge Barros, concorda com a cobrança da ANAC. “O que a ANAC quer”, ele diz, “é que os pilotos que cruzem as fronteiras do Brasil dominem um nível de inglês bom o suficiente para resolver qualquer situação. Se eles conseguirem falar apenas aquele inglês mínimo necessário para se comunicar com o controle de tráfego aéreo, isso não é o suficiente e isso pode colocar a tripulação em risco”.
Em nota, o Sindicato Nacional dos Aeronautas afirmou que vêm se reunindo com representantes da ANAC para discutir a prova de inglês em busca de uma avaliação mais justa. Disse ainda que solicitou uma prorrogação do prazo para a reavaliação dos pilotos que realizaram o teste em Madrid, solicitação esta que foi atendida pelo governo.
Fonte: Rede Globo