A possível escassez de pilotos em nível mundial levanta a preocupação com questões de segurança.
Uma previsão da indústria da aviação que indica que cerca de meio milhão de novos pilotos de avião serão necessários nos próximos vinte anos tem levantado preocupações com as questões de segurança. Companhias aéreas aumentando suas frotas de aviões terão que lutar para preencher as vagas de pilotos, o que pode ocasionar em contratação de pilotos de calibre inferiores.
A Boeing, um dos maiores fabricantes de aviões comerciais, prevê que aproximadamente 460 mil novos pilotos serão necessários em todo o mundo até 2031. A previsão inclui 69 mil novos pilotos na América do Norte, principalmente nos Estados Unidos. Mas o maior crescimento será na região da Ásia e do Pacífico, onde a previsão está estimada em 185.600 novos pilotos.
Da mesma forma, a Boeing prevê que 601.000 novos técnicos de manutenção de aeronaves serão necessários durante o mesmo período, com a maior demanda — 243.500 técnicos — na região da Ásia e do Pacífico.
A crescente demanda mundial por pilotos de avião tem gerado preocupação entre indústrias e funcionários do governo, já que haverá uma escassez global e doméstica de pilotos.
“Em muitas regiões do mundo, a falta de piloto já existe”, segundo a Boeing. “Ásia e Pacífico, em particular, enfrentam atrasos e interrupções operacionais devido às restrições de agendamento de pilotos.”
Esta situação já é bem nítida na China e Índia, dizem os representantes da indústria. Companhias aéreas com base na Ásia e Oriente Médio vêm realizando feiras de emprego para contratar pilotos nos Estados Unidos, e milhares de pilotos demitidos devido às fusões e falências no setor da aviação nos EUA estão voando para companhias estrangeiras.
Nos Estados Unidos, autoridades da indústria e o governo também se preocupam com a crescente demanda mundial por pilotos. A demanda compete com uma onda de aposentadorias antecipadas e padrões mais rigorosos de qualificação para novos pilotos que começa no próximo ano, o que irá gerar uma escassez doméstica.
“Estou preocupado porque a demanda de pilotos gera implicações com respeito à segurança,” explica John Allen, Diretor de Serviços de Voo da Federal Aviation Administration (FAA).
Allen disse que quer estimular uma discussão entre indústria, sindicatos e universidades sobre a possibilidade de escassez para dar a devida atenção ao problema e não “varrer o problema” para debaixo do tapete. Allen comentou estar com medo que, se houver uma escassez, companhias irão contratar pilotos que estão tecnicamente qualificados, mas que não têm “aquilo que realmente precisa”. Ele acredita que isto pode resultar em indivíduos entrando no sistema quando estes talvez não sejam realmente as pessoas certas para ser piloto. “Não é todo mundo que pode ser piloto,” disse Allen.
A porta-voz da Airlines for America, Jean Medina, disse que “segurança é sempre nossa maior prioridade, e nossas companhias aéreas contratam pilotos que atendem aos rigorosos padrões estabelecidos pela FAA.”
Nos EUA, Lee Moak, Presidente da União dos Pilotos, disse que ele duvida que uma escassez doméstica de pilotos seja notada nos próximos três ou cinco anos. Se as companhias dos EUA começarem a contratar pilotos em grandes números, pilotos atualmente voando para companhias estrangeiras provavelmente voltarão para casa. Há cerca de 90.000 pilotos de avião nos EUA e Canadá. “Globalmente, a história é outra,” disse Moak.
Fonte: News Journal